quarta-feira, 15 de março de 2017

Coréia do Norte – A Farsa


Coréia do Norte, oficialmente República Popular Democrática da Coréia. Localizada na Ásia Ocidental na parte norte da Península Coreana. População de aproximadamente vinte e cinco milhões de habitantes, moeda, idioma, bandeira, hino e leis próprias. Um país como qualquer outro do ponto de vista burocrático, legal e cultural, ou pelo menos, essa é a imagem que a imprensa e os livros de História se esforçam por transmitir. Mas a verdade está bem distante dessa descrição. E apesar dos motivos da camuflagem não serem completamente danosos, esse canal tem por objetivo escancarar a realidade tão insistentemente ocultada pela Historiografia e mídia internacional, portanto, você saberá agora o real intento por trás de tal demarcação geográfica.

Contudo, por conta do enredo complexo montado pelas forças políticas envolvidas no mascaramento da real situação, será antes necessária a apresentação de um arcabouço conceitual que detalhará cada um dos elementos coadjuvantes da construção dessa grande farsa.


1. Comicidade e Paradoxos
Já é de conhecimento público há bastante tempo que comicidade e paradoxos caminham de mãos dadas. Peter Cave, em seu trabalho de 2005 Humour and Paradox Laid Bare [1] (Humor e Paradoxos Escancarados em uma tradução livre) mostrou que boas piadas envolvem incongruências. Segundo o autor, “com contexto, nível alcóolico e habilidade de apresentação suficientes, toda mentira pode render boas risadas”.

A verdadeira intenção por trás do estabelecimento da Coréia do Norte tem repouso conceitual e ideológico nesse aspecto da comicidade investigado por Cave, por isso, vamos analisar os fatos a partir da ótica dos pilares por ele elencados.


1.1. O Contexto
Após a rendição japonesa na Segunda Guerra Mundial, em 1945, a Coréia foi dividida em duas zonas, sendo a parte sul entregue aos americanos e a parte norte aos russos. Estamos portanto falando de um cenário pós-guerra onde a integridade nacional fora dividida entre duas partes ideológica e culturalmente opostas. Psicologicamente, não pode haver momento mais difícil para um povo.

A ideologia comunista também começava a dar seus primeiros sinais de fadiga, com sociedades optantes por seu modelo apresentando notórias desvantagens em qualidade de vida quando comparadas às economias do oeste. E para piorar a situação da parte norte, o inimigo capitalista era seu vizinho de terreiro.

O cenário era nitidamente desfavorável para a parte soviética, e algo precisaria ser feito.


1.2. O Nível Alcóolico
A Rússia tem produzido ao longo das décadas talentos de toda espécie: músicos, escritores, enxadristas, cientistas, engenheiros, etc. Mas de tudo que por lá foi produzido, a top-of-mind [3] de qualquer pessoa quando indagada sobre aquele país é unânime: vodka.

A vodka russa é de longe a mais conceituada no mundo – e com justiça. Apreciadores e especialistas apontam para uma qualidade tão distinta que facilita o vício. Como ilustração, podemos ver abaixo o efeito do uso prolongado em alguns indivíduos, que mesmo sendo líderes mundiais não resistiram a tentação.





* de cima para baixo: 1) Presidente russo Vladimir Putin tentando fazer o famoso "4"; 2) ex-presidente brasileiro após o almoço e 3) após o jantar, respectivamente; 4) novamente Putin, após aplicação de glicose; 5) Gandhi, amparado por colegas por não conseguir caminhar sozinho após degustação do aperitivo. *


Maquiavel em O Príncipe [4] já aconselhava: ao tomar um território, apague qualquer resquício do comando anterior. E para o Kremlin, qual seria a melhor forma de estabelecer sua dominância cultural? Resposta óbvia: levando para lá sua vodka.

Tal iniciativa foi bem sucedida e prevalece até hoje, como mostra estudo da Organização Mundial da Saúde [5] com respeito à preferência quase unânime dos norte-coreanos por spirits.


1.3. A Habilidade de Apresentação
Stalin precisava de alguém capaz de apresentar o projeto ao povo de maneira tão cômica que transformasse as risadas em atos de resistência e engajamento ideológico. O comediante Kim Il-Sung era o homem certo para o trabalho.

Kim, à época contando trinta e três anos, era um famoso comediante stand-up da região de Pyongyang (hoje capital da Coréia do Norte). Seu espetáculo em cartaz apresentava sua saga na liderança do exército coreano que derrotara o exército americano durante a Segunda Guerra Mundial. Kim apresentava os fatos com seriedade tão irretocável que até hoje sua piada é tida como realidade [6].

Após assistir a uma sessão regada a vodka, Stalin teria dito com sotaque russo carregado, “that’s my man”, o que teria arrancado ainda mais risadas da platéia.


***

Talvez você se pergunte nesse momento qual é a ligação entre a Coréia do Norte e o humor. Pois bem, prosseguindo na leitura você tomará a pílula vermelha (no pun intended).



2. O Problema
Como vimos, o momento do estabelecimento da Coréia do Norte apresentou-se bastante traumático, tanto para seu povo quanto para a União Soviética, que à época recebera o domínio da parte norte da Península da Coréia tendo como vizinhos os americanos, responsáveis pela parte sul.

As dificuldades do Kremlin estavam relacionadas ao padrão de vida alcançado por nações fora do regime comunista, que logo seria propagandeado pela parte sul da península e potencialmente levantaria indagações indigestas com respeito à organização social vizinha. Junto com essas indagações uma provável emigração em massa poderia ocorrer, comprometendo os planos soviéticos de expansão.

Resumindo, tratava-se de uma disputa ideológica e essencialmente maniqueísta: norte contra sul, comunismo contra capitalismo, e principalmente, vodka contra cerveja.


3. A Solução
Em seu estudo de 2003, On Humour and Pathology: The role of paradox and absurdity for ideological survival [2] (Sobre Humor e Patologia: O papel do paradoxo e do absurdo para a sobrivência ideológica), a pesquisadora Ivette Cardeña mostrou que interações baseadas em humor podem trabalhar em benefício da sobrevivência psicológica e ideológica de populações na presença de estigmatizações sociais. Nas palavras da autora, “… ironia, absurdo e paradoxo poderiam ser utilizados para desafiar e transcender tanto em pensamento quanto em ação, a lógica de sistemas dominantes e dicotômicos de pensamento ...”.

O trabalho da citada autora apenas formalizou o que já era amplamente conhecido pela KGB [8], a agência soviética de inteligência. O órgão, já havia muito, lançava mão desse conhecimento nos Gulags e em intervenções investigativas.

Nos Gulags [9], as pessoas poderiam optar por morrer ao invés de terem seu estado de escravidão perpetuado. Por que não o faziam? Por uma razão simples, embora sutil: nos Gulags trabalhavam os melhores humoristas soviéticos. Todos os dias, antes do início dos trabalhos, os prisioneiros se reuniam no refeitório e durante sua ração matinal assistiam a duas sessões de comédia stand-up. Embora os temas fossem repetidos (superlativos com respeito à genitália de Stalin e depreciação da vodka americana), o teor político fazia com que os prisioneiros se sentissem orgulhosos de estar ao lado do Kremlin, principalmente as mulheres.

Durante intervenções esporádicas com possíveis dissidentes e inimigos do estado, acredita-se que agentes da KGB lançavam mão uma vez mais do conhecido humor russo. Durante o interrogatório, ao suspeito era apresentada uma piada que mostrava quão astutos eram os russos, que bebiam vodka em temperatura ambiente durante o frio, ao contrário dos americanos que colocavam a cerveja para gelar. Em caso de ausência de risos, o suspeito ter-se-ia condenado duplamente, pois uma vez encaminhado ao Gulag como traidor (primeira condenação), ainda seria exposto à mesma piada diariamente.

O humor sempre desempenhou um papel importante na política russa, como mostra Nikolai Zlobin em seu estudo Humour as Political Protest [10] (Humor como Protesto Político). Portanto, no caso norte-coreano, os russos tinham uma excelente oportunidade e a estratégia era clara: para que a Coréia do Norte sobrevivesse, ela deveria se transformar na maior obra teatral humorística da História.


4. A Estratégia
É amplamente sabido que o aparato de propaganda em regimes totalitários é ao mesmo tempo sofisticado e impositivo. O exemplo que melhor ilustra a necessidade e efetividade de tal aparato tanto na ascensão quanto na manutenção de um estado ditatorial se dá com Joseph Goebbels durante a construção do Nazismo [11].

Como se tratava de um exemplo recente, os soviéticos digeriram e incrementaram as estratégias de marketing nazistas a fim de garantir três objetivos:

1. A iniciativa não deveria levantar suspeitas, ou seja, todos deveriam entender a Coréia do Norte como uma nação sem imaginar as reais intenções por trás de sua criação.

2. Os elementos de comicidade deveriam ser implícitos e sutis, ou seja, o conhecimento levantado pelas Ciências Sociais a respeito da aplicação do humor como arma de resistência em sociedades ameaçadas por dicotomias deveria ser aplicado, mas não de forma explícita.

3. No momento certo, quando a utopia comunista estivesse próxima da concretização, tudo deveria ser revelado, ou seja, quando a perversão consumista e o fetichismo do produto tivessem corroído as estruturas sociais e humanas, o plano deveria ser revelado, bem como o caminho a ser seguido.


5. A Tática
Vamos agora compreender como se deu a tática soviética que teve por objetivo nos fazer crer que a Coréia do Norte se trata de um país e não de uma farsa humorística.

5.1. O Nome e a Liderança
A primeira sutileza aplicada à farsa já se apresenta pelo nome do lugar. Trata-se de um país em regime ditatorial extremo cuja denominação oficial é República Popular Democrática da Coréia.

Tentaram esconder o lugar por trás de uma república criando eleições diretas. Contudo, há apenas um candidato para presidente [12].

5.2. Folclore
É sabido que o folclore diz muito a respeito de um povo. Vejamos então como os soviéticos construiram o folclore norte-coreano de maneira a dar suporte à encenação. [13,16]

É amplamente divulgado ao redor do “país” que:

a) no momento do nascimento de Kim Jong-Il, uma nova estrela apareceu no céu, a estação corrente mudou de inverno para primavera e um arco-íris duplo surgiu.
b) Kim Jong-Il inventou o hamburguer.
c) Kim Jong-Il é o maior jogador de golfe e boliche do mundo.
d) Kim Jong-Il curou o nanismo.

Os americanos sempre tentaram retaliar o culto à figura de Kim Jong-Il com um de seus cidadãos mais ilustres, Chuck Norris, mas parece que não obtiveram o êxito desejado [14,15].



* de cima para baixo: 1) Chuck Norris se disfarçando de cidadão comum ; 2) Chuck Norris propagandeando as cervejas americanas *


Ainda, é também propagandeado que:

e) Lady Gaga é um homem.
f) Mickey Mouse foi criado pelos chineses.
g) Somos todos iguais na Coréia do Norte, disse Kim Jong-Un.
h) Carros não são permitidos por deixarem a população preguiçosa.
i) Kim Il-Sung escreveu mil e quinhentos livros e compôs seis óperas completas em três anos.
j) Todos os professores precisam saber tocar sanfona.
k) Os norte-coreanos trabalham seis dias por semana e no sétimo são convidados a fazer trabalho voluntário.
l) Pesquisadores norte-coreanos concluíram que a Coréia do Norte é o segundo país mais feliz do mundo, só perdendo para a China.


“Mas essas são possibilidades reais” você poderia indagar, e o real intento poderia estar escondido até hoje, não fosse um deslize aparentemente insignificante mas que levantou suspeitas que colocaram tudo a perder, apontando no sentido correto da grande farsa. Tudo começou quando anunciaram o seguinte:

m) Kim Jon-Il é um ícone da moda.



* de cima para baixo: 1) Kim Jong-Il ; 2) ato falho *


Por se tratar de um erro grosseiro de conteúdo, o departamento de Marketing do Partido Comunista ainda tentou contornar o incidente lançando uma nova campanha:

n) O porte e consumo de maconha são legais no país.

Mas o erro já havia sido cometido e a opinião pública internacional já iniciara suas investidas.

5.3. A Tentativa de Manutenção da Farsa
Coube a Kim Jong-Un a árdua tarefa de consertar o erro de comunicação que havia colocado tudo a perder. No entanto, apesar do fabuloso aparato de propaganda disponível, setores da imprensa internacional – aqueles que não estavam envolvidos com a farsa – iniciaram uma campanha de cunho investigativo sobre as reais intencões por trás do estabelecimento da República Popular Democrática da Coréia.

A Kim Jong-Un foi sugerida a seguinte estratégia: 1) blindar completamente os norte-coreanos de quaisquer fontes de dados não aliadas à farsa e 2) ressaltar que o humor sempre fizera parte das raízes culturais da parte norte da Península da Coréia.

A primeira parte do plano tinha implementação relativamente simples. Bastava intensificar os esforços já em curso para completo isolamento do país. Já a segunda parte iria requerer planejamento de longo prazo e atitudes inequívocas.

5.3.1. Ações Internas
A primeira das ações tomadas por Kim Jon-Un teve como objetivo a associação do país em mais uma encenação humorística, porém, de alcance limitado. Essa ação serviria como introdução a uma segunda campanha, de maior alcance.

Nesse primeiro ato, Kim Jong-Un buscou associar o país a um fato corriqueiro, porém espalhafatoso, e para isso precisava de uma personagem igualmente chamativa. Tiveram então início as filmagens de Dennis Rodman’s Big Band in PyongYang [17], onde o icônico Dennis Rodman embarca na missão de forjar uma amizade com Kim Jong-Un e na sequência estabelecer a paz entre as duas nações, Estados Unidos e Coréia do Norte, a partir de um jogo de basquete. Resumindo, um um agente infiltrado promove uma partida de basquete entre a maior potência mundial na modalidade (os Estados Unidos) e um país que mal sabe pronunciar o nome desse esporte.

Dessa vez Kim Jong-Un obtivera sucesso, e seu país estava novamente nas manchetes de entretenimento da mídia mundial. Além disso, como um passo extra, Dennis e Kim se tornaram realmente amigos, e de maneira tão intensa que Dennis lançou esforços para que ex-astros da NBA se mudasse para a Coréia do Norte e ensinassem por lá o esporte [18].

Com o país novamente em evidência, o momento do grand finale se aproximava.





* de cima para baixo: 1) cartaz de um filme a respeito de um jogo de basquete ; 2) Kim Jong-Un e o charuto de Dennis Rodman  *


5.3.2. Propaganda Internacional
É de amplo conhecimento o vazamento de dados de computadores da Sony, ocasião em que, além de várias senhas e filmes roubados e distribuídos de forma ilegal, uma filmagem em especial ganhou destaque. Trata-se do filme A Entrevista, onde dois jornalistas adentram a Coréia do Norte como agentes infiltrados com o objetivo de assassinar Kim Jong-Un, a essa altura, grande amigo de Dennis Rodman.

O aparato de propaganda impressionou. Alardeou-se que hackers norte-coreanos (parte mais cômica da trama) teriam invadido os computadores, em retaliação justamente à ridicularização pública de Kim.

Percebam, Kim chamou para si a atenção ficando amigo de Dennis Rodman. Em seguida, reforçou a imagem promovendo um jogo de basquete contra ex-astros da NBA. Logo na sequência, lançou outro filme de conteúdo humorístico contendo seu nome mas que teria sido pirateado justamente em decorrência de uma achincalhamento prévio de sua pessoa justamente por ser amigo de Dennis Rodman. Ou seja, com o lançamento do filme, ele foi capaz de, com uma só tacada remover toda a comicidade relacionada à sua amizade com Dennis Rodman e à partida de basquete mas mesmo assim continuar chistoso, ao ter sua morte no filme retratada ao som de Katy Perry. Trata-se de um golpe de mestre, um dos maiores da História no campo do Marketing.



6. Resultados e seu papel como cidadão do mundo
A estratégia norte-coreana parece ter dado resultados. A imprensa internacional voltou a tratar o lugar como um país e até entrou no clima jocoso ao noticiar que tal nação assusta por fazer experimentos nucleares. Ainda, é necessário dar crédito a Kim Jong-Un não só pela execução do plano, mas também por suas habilidades cênicas.

Mas VOCÊ sabe a verdade, e a verdade sempre deve ser prioridade. Portanto, é seu papel divulgar essa mensagem e acabar com essa farsa, pois norte-coreanos estão pagando um preço muito alto por toda essa encenação, bem como os espectadores de Dennis Rodman’s Big Band in PyongYang. Eu fiz meu papel, faça você também o seu.


p.s. mais sobre o papel do humor no cotidiano russo pode ser encontrado aqui: https://www.youtube.com/watch?v=NESWrTFk0T8



[2] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26867070

[19] http://www.imdb.com/title/tt2788710/

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Da Origem Brasileira do Estado Japonês

A qualquer um que procure será apresentada a mesma versão sobre o surgimento do Brasil: os portugueses por aqui chegaram e deram de cara com os índios.

Se a mesma pessoa resolver se aventurar pela história do Japão, também será confrontada com o status quo que sustenta o surgimento do primeiro japonês há cerca de trinta e cinco mil anos, ainda no período Paleolítico.

O que não é apresentado em qualquer escola ou manual de História, contudo, é a ligação entre o surgimento do estado japonês e a chegada dos portugueses ao Brasil, mais especificamente à Zona da Mata mineira, no município de Senhora dos Remédios. Chega a ser vergonhoso o desdém da historiografia para com a verdade desse momento tão decisivo na existência das duas nações.

Pense bem, se você tivesse que opinar sobre a origem da palavra Japão e tivesse apenas duas opções, qual escolheria: português ou japonês? Japão é uma palavra escancaradamente lusitana.

Os primeiros japoneses ocupavam o que hoje é a comunidade do Japão, pertencente ao município de Senhora dos Remédios localizado na Zona da Mata, a aproximadamente cento e cinquenta quilômetros de Belo Horizonte (https://pt.wikipedia.org/wiki/Senhora_dos_Remédios). Viviam em harmonia com os índios apesar de não apreciarem seu vestuário (ou a ausência dele). Segundo especialistas, a palavra recalque tem origem Guarani (grupo indígena que mais próximo vivia dos japoneses) e era empregada na descrição da atitude japonesa. Posteriormente, Freud tomou conhecimento e “sequestrou” o termo, associando-o à psicanálise, significação que suplantou a original.



Assim como hoje, tratava-se de um povo trabalhador, higiênico, tecnologicamente avançado e ordeiro. E por causa desse último adjetivo, não havia sido necessário grandes investimentos em armas, uma vez que os samurais eram mais que suficientes para manutenção da ordem e da justiça.

Em 1500 o sossego acabou. Chegaram ao Brasil os portugueses, povo mal educado e com péssimos hábitos de higiene e alimentação mas detentores de uma tecnologia que mudaria o rumo da história do povo japonês: armas de fogo. E quando os portugueses chegaram a Senhora dos Remédios e posteriormente ao Japão, o massacre foi inevitável. Teve início a emigração japonesa da Zona da Mata.

Quanto mais avançavam pelo território brasileiro, mais certeza os japoneses tinham que o domínio português estaria em breve consolidado. Decididos a não comungarem dos costumes sanitários europeus, resignaram-se a deixar o Brasil. No entanto, com proeza lógica já datada, entenderam que, em fugindo pelo Atlântico, incorreriam no risco de cruzar com navios portugueses que, apesar de porcos, por necessidade, eram competentes nas Ciências Náuticas. Julgaram então que escapar pelo Pacífico seria a melhor opção.

Após algumas semanas de viagem, avistaram um pedaço de terra. Estranharam o fato do terreno balançar tanto (ao contrário do que se pensa, os terremotos no Japão suavizaram com o tempo), mas julgaram aquele destino como de melhor sorte quando comparado à contratação de serviçais para higienização das partes íntimas. E assim teve início a Terra do Sol Nascente.

Por aqui, sobraram duas facções de japoneses: os que se renderam aos portugueses e os que se aliaram a eles. Aos que se renderam sobraram casamentos arranjados e escravidão consentida. Os que se aliaram também precisaram jurar obediência, mas em troca da delação de revoltosos receberam terras onde puderam reconstruir sua comunidade dentro dos preceitos lusófonos. Essas terras hoje constituem a comunidade do Jacu, pertencente a Carandaí (provas da existência do local podem ser encontradas aqui: http://www.camaracarandai.mg.gov.br/atividades/legislacao/LEIS%20ORDINARIAS.html).

A serra que divide as duas comunidades foi batizada Serra do Japão, como um trocadilho da divisão do Japão em dois. Especialistas defendem que a crítica à capacidade intelectual portuguesa, tão difundida em nossa cultura, tem raízes nesse trocadilho.

Lançando mão de sua habilidade naval, os portugueses também conseguiram chegar à ilha japonesa em 1543 (https://www.infopedia.pt/$chegada-dos-portugueses-ao-japao). No entanto, fazendo bom uso de sua facilidade com tecnologias, os moradores da ilha já haviam levado consigo algumas armas portuguesas, realizado engenharia reversa das mesmas, melhorado o sistema de mira e desenvolvido formações de guerra, o que lhes permitiu rechaçar as investidas lusitanas e se isolar do mundo, só retomando suas relações internacionais após o surgimento do Supekutoruman (conhecido no Brasil como Spectreman: https://pt.wikipedia.org/wiki/Spectreman), o primeiro padroeiro do país.

Essa é a real história do Japão e de sua origem brasileira.

p.s. O termo “nipônico” utilizado para denominar aquilo que se refere ao Japão também tem origem Guarani. Os índios dessa tribo que habitavam terras próximas ao Japão brasileiro emigraram da região de Mariana, primeira capital de Minas Gerais. O povo daquela cidade é conhecido por utilizar um dialeto que acrescenta a preposição “ni” à língua portuguesa (ex.: ao invés de dizerem “… dá em árvore” dizem “… dá ni árvore”).

Nipônico significa “ni pão” e “ni cu”, ou seja “no Japão e no Jacu”. Nesse caso, o prefixo “Ja” foi suprimido por ser comum a ambos.


domingo, 1 de janeiro de 2017

A Origem Brasileira de Vladimir Putin

Vladimir Putin ficou famoso como espião, bilionário, cavalgador de tubarões, amigo de Donald Trump e também por ter sido (e ao que tudo indica, não deixará de ser tão cedo) presidente da Rússia.

Porém, o que tanto os livros de História quanto a mídia se esforçam por ocultar é que Vladimir Putin nasceu Joaquim Amâncio Graúna Filho, neto de portugueses que chegaram ao Brasil em 1902 buscando melhores condições esportivas para suas vidas em época onde Cristiano Ronaldo ainda não era nascido.

Putin, além de possuir uma trajetória familiar edificante como veremos abaixo, também precisa ser melhor conhecido pelo nosso povo uma vez que sua história pode vir a se cruzar com a nossa mais uma vez, de acordo com a Doutora Janaína Paschoal, professora de Direito da Universidade de São Paulo, como detalha reportagem da Revista Fórum ( http://www.revistaforum.com.br/segundatela/2016/10/26/janaina-paschoal-diz-que-putin-esta-a-um-passo-de-invadir-o-brasil-e-vira-piada-na-internet/).

No Brasil, os recém-chegados Graúna se estabeleceram na cidade de Afogados da Ingazeira no estado de Pernambuco. A economia local passava naquele momento por uma fase depressiva no que tange à produção local, oriunda da falta de confiança de investidores tanto locais quanto estrangeiros, em decorrência das chamadas Revoltas Intestinas, originadas basicamente por dificuldades digestivas resultantes da gastronomia local à época. O Doutor José Raimundo de O. Vergolino da Universidade Federal de Pernambuco conduziu um estudo aprofundado sobre a economia Pernambucana no período entre 1850 e 1900 que pode ser encontrada nesse endereço: http://www.revista.ufpe.br/revistaclio/index.php/revista/article/viewFile/825/673

Retornando, ao tema, com ânsia esportiva, tão logo se instalaram os Graúna já adotaram como time do coração o hoje extinto Tuyuti de Recife. E tanto por necessidade quanto por espírito empreendedor ao perceberem as oportunidades trazidas pelas Revoltas Intestinas, desenvolveram, aproveitando também para homenagear o novo clube do coração, uma variação do famoso pastel de nata, denominado, criativa e carinhosamente, Tuyuti.

Com todos os membros adultos da família ocupados na produção, cabia ao filho mais velho, o ainda pequeno Joaquim, vender a guloseima pelas ruas de Afogados. No entanto, logo de início o moço já percebeu as dificuldades de Marketing oriundas de nomes inapropriados. O Tuyuti tinha como principal adversário o Elmo do Recife, cujos torcedores, detentores da paixão tão característica de nossas terras tupiniquins, se recusavam a adquirir quaisquer produtos que levassem o nome do rival.

Os Graúna, convencidos de que aquela poderia ser uma barreira mortal para o sucesso do empreendimento, cessaram as vendas e começaram a buscar um nome de melhor aceitação. Porém, não queriam perder referências ao Tuyuti, seu amado clube.

A irmã mais nova de Joaquim, Maria Eulália Graúna, sempre apresentara dificuldades de leitura devido, provavelmente, à Dislexia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Dislexia). Mas no dia 1 de janeiro de 1903 (segundo pesquisadores), durante o jantar, Maria Eulália, ao tentar pronunciar Tuyuti pronunciou pudim, o que soou como moedas de ouro para todos. Estava ali o nome. E assim, no dia seguinte, Joaquim voltou às ruas, mas dessa vez não para vender Tuyutis e sim pudins.

Mas um segundo problema, ainda mais complicado, se apresentou ao reinício das atividades. Foi descoberto que Joaquim era fanho, e por isso pronunciava não pudim mas putin. Como as finanças do negócio ainda não permitiam a contratação de representantes comerciais e precisando os demais Graúna atuarem na produção, as vendas não decolaram como esperado. E pior que isso, o jovem Joaquim, ainda muito imaturo, não conseguia lidar bem com os episódios frequentes de bullying.

Para desespero da família, o jovem fora apelidado como putin, transformando não só a família mas também o produto em motivo de chacota. E para consolidar a tragédia, um comerciante estabelecido em Afogados mas natural de Belém do Pará copiou a receita e começou a vender a iguaria com o nome pastel-de-belém, argumentando que a receita pertencia à sua família que nascera e se desenvolvera na capital do seu estado, que também era sua cidade natal. Como as possibilidades de comunicação na época eram muito limitadas, a versão desse comerciante sobre a origem da receita ganhou força e os Graúna foram forçados a cancelar seu sonho e sua homenagem ao Tuyuti.

Apesar de humilhado, Joaquim tinha gênio forte, e jurou a si mesmo que esse nome, putin, ainda seria conhecido. Tomando como bode expiatório sua alergia crescente ao calor nordestino, decidiu que aquilo ali não era seu lugar. Conversando com um de seus poucos amigos, descobriu que a Sibéria era considerada um dos lugares mais frios e inóspitos do mundo. Tomado pela misantropia potencializada pelo bullying, concluiu que aquele seria então seu novo lar, longe do calor e principalmente, longe dos humanos. Partiu em 19 de março de 1905.

Após um mês de viagem Joaquim chegou à terra sonhada, e não se decepcionou. Encontrou um lugar quase vazio, de noites longas, gelo e isolamento. Ao longo dos anos, a alegria por estar naquele lugar substituiu a misantropia por uma vontade de perpetuar sua existência. Como não poderia fazê-lo em pessoa, pelo menos deixaria vivo o nome Graúna. Partiu em busca de uma esposa.

As dificuldades com o idioma, porém, mostraram a Joaquim que uma de duas coisas precisaria acontecer: ou ele aprendia russo ou conseguia alguém que falasse português. E não seria de dentro de casa que ele conseguiria qualquer das duas.

Saindo de casa, visitou pela primeira vez o único pub existente na região, o что бля место. Como não conseguia nem mesmo pronunciar os nomes das coisas, chegou até o balcão e apontou para a primeira bebida que viu. Foi servido e de uma tragada só engoliu. Sentiu a garganta em chamas. Berrou um palavrão em Português e para sua grande surpresa foi respondido no mesmo idioma: também odeio essa porcaria.

O choque cessou imediatamente a queimação. Joaquim se virou e ali estava Maria Ivanovna Shelomova, trabalhadora de uma fábrica mas que antes houvera sido balconista, em Lisboa, de uma padaria cuja especialidade era, surpreendentemente, pastéis de nata. E naquele instante Joaquim experimentou o amor, e foi correspondido.

Joaquim e Maria, que se conheceram em um pub na Sibéria e que possuiam muito mais em comum do que o gosto por pastéis de nata passaram o resto da vida juntos, sendo presenteados com seu primeiro filho, Joaquim Amâncio Graúna Filho em 7 de outubro de 1952.

A vida corria bem até que Joaquim Filho foi à escola pela primeira vez e voltou chorando. Sofrera bullying. Joaquim Pai sentiu gelar sua espinha. A história se repetia. O motivo do bullying era o nome Joaquim, que nada tinha de russo. Apesar da idade, o gênio forte do pai continuava intacto, o que trouxe a lembrança do juramento que fizera ao deixar Afogados da Ingazeira: ainda faria o nome putin ser respeitado. Impulsivamente, chamou Maria e perguntou qual era o nome mais comum por ali. Ouviu que era Vladimir. Enunciou então: querem um nome russo, certo? Então agora meu filho se chama Vladimir. Mas ainda tenho uma dívida com o Tuyutis e com o esforço de minha família para nos proporcionar dias melhores fabricando putins. Portanto, Joaquim Amâncio Graúna Filho está morto. O mundo agora vai conhecer Vladimir Putin.